Um marco da arquitetura
Nós não temos muito o que fazer da vida, então nas últimas semanas um dos nossos temas de conversas diárias é esse barracãozinho que a vizinha do outro lado da rua está construindo.
A casa tem um corredorzinho lateral como a nossa, que dá para a porta da lateral e o jardim dos fundos. Há várias semanas, uma mulher começou a chegar com materiais e construir esse marco da arquitetura.
Logo de cara, nos chamou a atenção que a casinha fosse feita realmente de tábuas e pregos, tudo em forma "bruta", tudo à mão. Quase tudo aqui é pré-moldado, inclusive casas de gente grande, ainda mais esses barracões de jardim que você compra inteirinho pronto.
A construtora é uma mulher e trabalha sozinha. Deve ter levado duas ou três semanas só para fazer a casinha, madeira por madeira, medindo, serando, pintando. Depois as telhas e tudo mais.
Depois, começou a fazer esse muro de madeira, substituindo uma grade baixa que demarcava o jardim. Também, tudo na munheca, medindo e cortando cada pedaço de madeira. Passaram, sei lá, três dias para ela erguer esse pedacinho. E o jardim é grande!
Começamos a pensar nos termos práticos de contratar alguém durante tanto tempo. Eu deduzi que o orçamento só podia ser pelo projeto completo, não por hora de trabalho. Até porque a mulher, a dona da casa e vários parentes passam horas batendo papo, tomando café e cervejinhas no fim de semana. A mulher trabalha sem nenhuma pressa.
Por outro lado, já está nisso há pelo menos um mês. Tem que pagar as contas. E esse Audi estacionado é dela, além de outra pick-up bonitona na qual ela traz materiais maiores.
Quanto será que a mulher está ganhando para construir a obra interminável? Aqui em casa, a construção já ganhou o apelido de Sagrada Família, porque não está com cara de que vai acabar tão cedo e é de caráter prático e estético duvidoso. De qualquer forma, todos se divertem. E a mulher dirige um Audi.
Teremos escolhido a profissões erradas?
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