Impressões Brazucas

Oi pessoal, é o Gus (depois de muito tempo):

Finalmente estou de volta ao Canadá, depois de duas semanas na Terra Brasilis. Quer dizer, meu corpo voltou, porque o meu cérebro ainda deve estar em algum lugar perto do mar do caribe, remando em uma caixa de sapatos para pedir asilo no Canadá... ah, quer dizer, voltar para casa. Sempre achei difícil dormir em avião, mas a coisa está ficando cada vez mais ridícula pro meu lado. Ontem passei a noite toda em claro, mas essas coisas até que têm um lado positivo: consegui ver alguns filmes e séries que pareciam interessantes mas não o suficiente para me motivarem a pagar o ingresso no cinema, o aluguel do DVD, ou a assinatura da TV a cabo.

Bom, algumas considerações sobre a Ilha/Terra de Santa Cruz:

(a) Crise? Que crise?

Bom, isso percebi já na viagem de ida. Avião lotado. 90% de brasileiros voltando das férias ou intercâmbio no Canadá. A impressão se confirmou no Brasil: shoppings cheios, nas ruas só tem carro novo, pessoal comprando tela plana e geladeira para cá e para lá, vôo lotado para o Aeroporto de Viracopos, bares e restaurantes cheios. Ou a coisa está muito boa realmente, ou o tal do cheque especial vai aparecer para estragar a vida da galera em alguns meses... mais provável acontecer a segunda hipótese, claro.

(b) Rio melhor?

Não sei. Se depender dos taxistas e d'O Globo, esquece e fecha para balanço (ou melhor, bota fogo e tenta estorquir um dinheiro do seguro, porque o balanço é prá lá de negativo). Mas minha impressão do Rio foi até boa: achei a cidade mais limpa, mais organizada, e um pouco mais segura do que quando morava por lá. Claro, tudo isso pode ter sido coincidência, delírio de minha parte, governo novo, férias escolares, efeito da epidemia de gripe suína, a demissão do Cuca do Flamengo e a contratação do Renato Gaúcho no Fluminense, ou todas as opções juntas.

(c) Ah, guloseimas!

Sim, como poderia esquecer? Como deve ocorrer com todo brasileiro vivendo no exterior (e por mais adaptado que esteja), minha volta ao Brasil acabou em pizza, que dizer, em churrasco, pão de queijo, farofa de ovo, arroz e feijão (e, também pizza, já que o canadense não entede o conceito muito bem). Carne com gosto de carne? Check. Feijãozinho com paio? Check. Bolinho de bacalhau? Check. Arroz-doce-que-só-a-avó-sabe-fazer? Check. Fígado refogado com cebola feito pela avó a pedidos? Check. (Carol tá aqui do lado fazendo cara de nojinho, e a Thais deve estar reclamando até agora do meu "favoritismo"). Pão francês quentinho, saído da padaria? Check. Bananada e mariola? Check e check. Mamão papaya e banana com gosto de mamão papaya e banana? Check. Farofa de ovo e bacon? Check. Café café mesmo? Check. (tá, tudo bem, aqui tem expresso e em Montreal tomamos cafés muito bons). Ah, Rafa e Érica, não teve nem risolis de camarão, nem coxinha de galinha com catupiri... vai ficar para a próxima.

(d) Você chama isso de cerveja?

Bom, até existe cerveja boa no Brasil. Mas isso está mais para a clássica história da cabeça de bacalhau e enterro de anão: logicamente, deve existir, mas eu nunca vi. Pelo menos no Rio. Em geral, nos supermercados não há muita opção, e quando há custa uma fortuna. Em bares e restaurantes, o monopólio da Ambev é ridículo. E, convenhamos: chopp Brahma é piada quase tão sem graça quanto tomar Budweiser (que deveria ser classificada como curau, já que é feita de milho, e não cerveja).

(e) Coisas que não mudam...

Caramba, o Rio de Janeiro continua lindo... e barulhento. Taxistas e motoristas de ônibus vivendo perigosamente e dirigindo como se fossem pilotos japoneses Kamikazes. Política, futebol, samba, e carnaval, tudo na mesma (talvez pior? Acho que não, ao menos se comparado com dois anos atrás).

(f) Vai sobrar algum posto de gasolina na Zona Sul do Rio?

Estão todos virando prédios. Vai chegar uma hora em que o motorista vai acabar gastando o tanque todo dirijindo até o posto e depois voltando para casa.

(g) Inverno...

Ah, que piada de mau gosto, especialmente no Rio. E a mulherada de botas e exarpes e cachecóis e que tais. Eu ficava desidratado só de ver. Mas, claro, frio é relativo, depende da temperatura de referência à qual se corpo está acostumado, etc. Verdade.

(h) Futebol, soneca e mesa-redonda.

Claro, futebol e mesa-redonda sobre a rodada do fim de semana são requisitos básicos para aquela soneca restauradora da tarde. Estava sentindo falta, e aproveitei algumas tardes para repor as energias, tudo acompanhado dessa.. digamos... terapia ocupacional dirigida. Claro, não dá vontade de dormir nos jogos do Fluminense, mas sim de fazer sabão com os jogadores, comissão técnica, e dirigentes, na melhor tradição Clube da Luta. Mas jogo entre o CSKAAHT do Ceará e o PSBGGNG da Paraíba pela segunda divisão do campeonato brasileiro é melhor que qualquer calmente vendido com receita médica (e mais barato). Mesa redonda então, é imbatível. No meio do primeiro bloco de discussão sobre a demissão do Leão do Sport eu já tinha embarcado no sofá e estava babando na almofada...

Bom, agora tenho que repor as energias para o retorno em dezembro (Não perco o casamento do século por nada).

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