Eu quero amolar meu alicate
No verão, há alguns serviços ambulantes por aqui.
O mais fofinho é o sorveteiro. Há vários caminhõezinhos de sorvete, antigos, todos pintados. Eles vêem tocando uma musiquinha tipo caixinha de música, suficientemente alta para a gente ouvir mas não alta demais para incomodar.
Mas tem uns que são safados: eles soltam um aroma de chocolate. É um cheiro meio artificial, mas a gente sai andando e percebe que o bairro todo está com aquele cheiro como se tivesse um bolo de chocolate saindo do forno. É uma estratégia perversa.
Esses sorveteiros passam por aqui umas duas vezes por dia, em geral após o almoço e no fim da tarde. Escolhem um dois pontos aqui perto (na frente da escola e na frente de um condomínio grande de prédios) e ficam um tempinho vendendo sorvetes. Aí vão embora.
Depois eu reparei que muito de vez em quando (digamos, a cada duas ou três semanas) passa um carro velho tocando um sininho. Duas vezes já o vi passar pela janela e descobri que é um amolador.
Pensei: "Beleza! Estou usando um alicate há uns 2 anos e está na hora de amolar. Quando ouvir o sininho de novo, vou sair com o alicate."
Pois bem, acabou de passar um desses. De novo. Pergunta se dá tempo de sair? O cara passa a uns 40 km/h tocando o sininho, mas não para! Vem pela rua de trás, vira na rua aqui da lateral, vira na da frente e se manda (nossa casa fica numa esquina).
Agora mesmo eu ouvi o sino lá longe. Estava trabalhando e levei uns 5 segundinhos para identificar o sino, pensar "acho que é uma boa idéia eu levantar e buscar o alicate", mas até eu ter levantando da cadeira o carro já tinha virado e tinha ido embora. Ouvi o sininho se perdendo na distância antes mesmo de dar um passo em direção ao banheiro.
Aí eu pergunto: Como é que esse cara sobrevive? Eu quero amolar meu alicate, esse cara passa o dia queimando gasolina para fazer isso e a gente nem consegue se encontrar! Qual é a chance dele arranjar clientes eventuais?
No carro não tem um número de telefone escrito -- é, eu já olhei, pois pensei que talvez fosse o caso de ligar e pedir para ele parar aqui -- e o cara não faz ponto aqui perto. Ele não para nem no condomínio de prédios, quer dizer, nem daria tempo da clientela descer de elevador.
Ele também não passa por aqui em dias e horários fixos -- ou pelo menos eu não descobri nenhum padrão, a menos que seja uma seqüência de Fibonacci ou algo assim sofisticado demais para mim.
O que ele espera? Que a mulherada se atire pelas janelas e saia com tesouras na mão correndo pela rua a 60 km/h??
A situação é tão idiota que eu sinto que sou eu que não devo estar captando alguma coisa. Talvez se eu jogar tachinhas na rua para ele furar o pneu e ter que parar...
Daqui a pouco é mais jogo eu comprar um alicate novo. Aí eu guardo o velho e, se um dia ele parar aqui, eu uso para riscar a lateral do carro.
O mais fofinho é o sorveteiro. Há vários caminhõezinhos de sorvete, antigos, todos pintados. Eles vêem tocando uma musiquinha tipo caixinha de música, suficientemente alta para a gente ouvir mas não alta demais para incomodar.
Mas tem uns que são safados: eles soltam um aroma de chocolate. É um cheiro meio artificial, mas a gente sai andando e percebe que o bairro todo está com aquele cheiro como se tivesse um bolo de chocolate saindo do forno. É uma estratégia perversa.
Esses sorveteiros passam por aqui umas duas vezes por dia, em geral após o almoço e no fim da tarde. Escolhem um dois pontos aqui perto (na frente da escola e na frente de um condomínio grande de prédios) e ficam um tempinho vendendo sorvetes. Aí vão embora.
Depois eu reparei que muito de vez em quando (digamos, a cada duas ou três semanas) passa um carro velho tocando um sininho. Duas vezes já o vi passar pela janela e descobri que é um amolador.
Pensei: "Beleza! Estou usando um alicate há uns 2 anos e está na hora de amolar. Quando ouvir o sininho de novo, vou sair com o alicate."
Pois bem, acabou de passar um desses. De novo. Pergunta se dá tempo de sair? O cara passa a uns 40 km/h tocando o sininho, mas não para! Vem pela rua de trás, vira na rua aqui da lateral, vira na da frente e se manda (nossa casa fica numa esquina).
Agora mesmo eu ouvi o sino lá longe. Estava trabalhando e levei uns 5 segundinhos para identificar o sino, pensar "acho que é uma boa idéia eu levantar e buscar o alicate", mas até eu ter levantando da cadeira o carro já tinha virado e tinha ido embora. Ouvi o sininho se perdendo na distância antes mesmo de dar um passo em direção ao banheiro.
Aí eu pergunto: Como é que esse cara sobrevive? Eu quero amolar meu alicate, esse cara passa o dia queimando gasolina para fazer isso e a gente nem consegue se encontrar! Qual é a chance dele arranjar clientes eventuais?
No carro não tem um número de telefone escrito -- é, eu já olhei, pois pensei que talvez fosse o caso de ligar e pedir para ele parar aqui -- e o cara não faz ponto aqui perto. Ele não para nem no condomínio de prédios, quer dizer, nem daria tempo da clientela descer de elevador.
Ele também não passa por aqui em dias e horários fixos -- ou pelo menos eu não descobri nenhum padrão, a menos que seja uma seqüência de Fibonacci ou algo assim sofisticado demais para mim.
O que ele espera? Que a mulherada se atire pelas janelas e saia com tesouras na mão correndo pela rua a 60 km/h??
A situação é tão idiota que eu sinto que sou eu que não devo estar captando alguma coisa. Talvez se eu jogar tachinhas na rua para ele furar o pneu e ter que parar...
Daqui a pouco é mais jogo eu comprar um alicate novo. Aí eu guardo o velho e, se um dia ele parar aqui, eu uso para riscar a lateral do carro.
Comentários
Tio Jojoba
Outra possibilidade é colocar pelo bairro plaquinhas de "Amolador, siga a seta", e que as setas conduzam até a tua casa :-D
:^)
No carro está escrito SHARPENING e há desenhos de alicates, tesouras e cortadores de grama.
Na verdade, a primeira vez que vi esse carro aqui perto, ele estava estacionado amolando as lâminas de um cortador de grama, mas isso foi antes de eu me lembrar do alicate. Depois daquele dia, nunca mais ele estacionou.
Neste caso - com todas as evidencias ... eu concordo e recomendo a técnica do estilingue ...
Dá vontade de adotar o si-fu do Tio Jojoba, mas isso não leva a nada, certo?
Por que vc não pergunta pra tiazinha sua vizinha se há algum "pulo do gato" nessa situação? De repente rola uma idéia...