As delícias do Brasil

É o Gus:

Faz algum tempo que eu não escrevo (reclamo) no blog. Não sei bem o porquê, mas acho que fico sem vontade de escrever no computador depois de passar uma boa parte do dia na frente da tela, tentando escrever a tese. Ou talvez eu esteja mais feliz ou menos reclamão. Não, acho que fico com a primeira opção ;)

Resolvi relatar a minha experiência depois de ver a reportagem sobre os vazamentos na Biblioteca Nacional. Não vou entrar no mérito do abandono da coisa pública no país, já que não tenho muito à acrescentar ao que já foi dito por aí. Mas queria relatar uma experiência que acontenceu há alguns dias.

Estou fechando as datas e arquivos que vou visitar agora em junho/julho para fazer a minha pesquisa de campo. No caso de um dos arquivos, localizado em uma entidade pública federal, é preciso ligar para "marcar" a visita. O site da entidade traz o telefone de contato.

Ligo pelo Skype.

Eu: Alô?
Atendente: Alô, [nome do lugar].
Eu: Bom dia, eu queria marcar uma visita ao arquivo...
Atendente: O arquivo tá fechado.
Eu: Como assim o arquivo tá fechado?
Atendente: Eu num cuido disso não sinhô. Mas tá fechado. Liga pru número [xxxxx] e eles te informa.
Eu: ah, ok. Obrigado.

Ligo para o número [xxxxx]

Eu: Alô?
Atendente: Alô.
Eu: Oi, bom dia, eu liguei para o telefone do arquivo e me disseram que o arquivo está fechado, mas...

[BRRROOOOM]

Atendente: Ai, fala di novo moço que num ouvi. Passô um carro aqui fazeno um barulhão.
Eu: ??? Tá, então, eu liguei para o telefone do arquivo...
Atendente: Tá fechado.
Eu: eu sei, então, é por isso que estou ligando. Eu moro no exterior e estou indo para o Brasil só para fazer isso. Você sabe me dizer quando ele vai abrir novamente?
Atendente: Ih... num sei não. A minina que cuida disso tá de licença maternidade.
Eu: Licença maternidade?
Atendente: É, num sei quando volta não. Mas manda um imaiu pra [e-mail] e a chefe do setô vai respondê.

Vou ficar esperando. Mas acho que nunca vou receber a resposta do e-mail. Concluí que o arquivo está fechado porque a única pessoa responsável está de licença maternidade, e ele só vai abrir (se abrir) quando essa moça voltar. O detalhe mais surreal foi a história do barulho. Estou desconfiado que o corte de custos do governo (ou a influência do Cachoeira) chegou a tal ponto que eles estão terceirizando o atendimento para o apontador de jogo do bicho da esquina...

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