Tentação satânica

Bati o olho nisto aqui no supermercado, quando estávamos modestamente pegando nossa barra de Lindt ao leite clássico (acho que essa barra e papel higiênico são as duas coisas que não podem acabar em casa, o resto a gente dá um jeito). Eu simplesmente TIVE que pegar e levar para o caixa. Era uma questão de obrigação moral, quase.

É bom demais. É tudo isso que parece. Puro chocolate cremoso e amargo.

Ficamos analisando a caixa. A apresentação do chocolate parece algo meio infernal, não? Essa aura vermelha sobre o fundo preto.

Aí também lemos a descrição, que provavelmente evoca metade dos pecados mortais (com menção explícita à luxúria) e cujo estilo é praticamente o de um texto erótico. Sério, trocando as palavras ligadas a cacau por qualquer coisa sexual, vira um texto censurado para menores. (Clique nas fotos para ampliar.)

Sentimos que essa caixa era algo importante e não podia ser tratada com leviandade. Provamos umas trufinhas, expressamos coisas como "Mmm..." "Hohoho..." "Whoa!" e guardamos a caixa solenemente no armário.

No dia seguinte, depois do almoço, antes que corrêssemos o risco de pensar em algum tipo de sobremesa saudável, o Gustavo correu para o armário e veio transportando a caixa lentamente, murmurando a melodia de "Assim falou Zaratustra" e pousando o monolito negro sobre a mesa. Em seguida, começamos a simular os movimentos dos macacos de 2001 descobrindo que os ossos servem como armas, e rimos sombriamente da possibilidade de nos matarmos a tacapadas pela última trufa.

Essa trufa é uma experiência transcendental.

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