Poutine em Quebec
É o Gus,
resolvi escrever esse post inspirado pelo Rafael Alcântara e sua experiência com o legítimo poutine québécoise. Para quem não conhece, o poutine é uma invenção canadense, consistindo de:
- batatas fritas;
- pedaços de queijo, em geral o cheddar canadense, jogados por cima da batata fritas; e
- molho escuro, parecendo um molho madeira, jogado por cima de tudo.
Voilà. Há espaço para algumas variações ao gosto do chefe. Locais mais sofisticados acrescentam carneiro, ou outros ingredientes (clique aqui para ver como fica).
Mas se você está pensando que batatas fritas não combinam com molhos em geral, acertou. Elas não combinam mesmo.
Eu tinha comido por duas vezes aqui em Toronto, e digamos que a experiência não foi lá muito memorável. Da primeira vez foi num buraco-boteco horrível, então eu pensei: ah, tá, não era para menos. Algum canadense empolgado me disse: "não, você tem que comer em um lugar decente, e vai gostar!". Bom, então tentei comer em um bistrô caro perto da universidade (foi lá que acrescentaram o cordeiro). Não deu. Esquisito; para falar a verdade, me pareceu a mesma meleca que tinha comido antes, mas agora caro. Mas aí, outro canadense empolgado me disse: "não, você tem que comer em Quebec, o legítimo, não essas coisas que eles fazem aqui em Toronto". Pensei: "tudo bem, talvez seja isso". Então decidi experimentar na cidade de Quebec, quando estivemos por lá na semana passada. Claro: mesma meleca. Como não havia nenhum canadense empolgado por perto, decidimos que foi a última vez que dei uma chance para esta "iguaria" canadense.
O fato é que é uma baita decepção. Tudo bem que não poderia esperar muito do lado anglófano do país (uma culinária típica no mínimo insossa é a herança maldita deixada pelo inglês, não tem muito jeito). Mas eu esperava mais da criatividade culinária do québécoise. A comida em geral por lá é boa, então acho que dá para perdoar o dito-cujo que inventou o poutine.
Talvez isso seja uma questão cultural, ou de hábito (ou de falta de gosto, sei lá). Nunca esqueci uma vez que estávamos em um boteco no Brasil com uns gringos tentando mostrar as iguarias brasileiras:
- Ah! Prova guaraná! Que tal?
- [sorriso amarelo]: tem gosto de remédio.
- ah... bom... então prova o aipim. Que tal?
- [sorriso mais amarelo]: tem gosto de nada.
- Então some, gringo mala.
Acho que sou o gringo mala na história canadense.
resolvi escrever esse post inspirado pelo Rafael Alcântara e sua experiência com o legítimo poutine québécoise. Para quem não conhece, o poutine é uma invenção canadense, consistindo de:
- batatas fritas;
- pedaços de queijo, em geral o cheddar canadense, jogados por cima da batata fritas; e
- molho escuro, parecendo um molho madeira, jogado por cima de tudo.
Voilà. Há espaço para algumas variações ao gosto do chefe. Locais mais sofisticados acrescentam carneiro, ou outros ingredientes (clique aqui para ver como fica).
Mas se você está pensando que batatas fritas não combinam com molhos em geral, acertou. Elas não combinam mesmo.
Eu tinha comido por duas vezes aqui em Toronto, e digamos que a experiência não foi lá muito memorável. Da primeira vez foi num buraco-boteco horrível, então eu pensei: ah, tá, não era para menos. Algum canadense empolgado me disse: "não, você tem que comer em um lugar decente, e vai gostar!". Bom, então tentei comer em um bistrô caro perto da universidade (foi lá que acrescentaram o cordeiro). Não deu. Esquisito; para falar a verdade, me pareceu a mesma meleca que tinha comido antes, mas agora caro. Mas aí, outro canadense empolgado me disse: "não, você tem que comer em Quebec, o legítimo, não essas coisas que eles fazem aqui em Toronto". Pensei: "tudo bem, talvez seja isso". Então decidi experimentar na cidade de Quebec, quando estivemos por lá na semana passada. Claro: mesma meleca. Como não havia nenhum canadense empolgado por perto, decidimos que foi a última vez que dei uma chance para esta "iguaria" canadense.
O fato é que é uma baita decepção. Tudo bem que não poderia esperar muito do lado anglófano do país (uma culinária típica no mínimo insossa é a herança maldita deixada pelo inglês, não tem muito jeito). Mas eu esperava mais da criatividade culinária do québécoise. A comida em geral por lá é boa, então acho que dá para perdoar o dito-cujo que inventou o poutine.
Talvez isso seja uma questão cultural, ou de hábito (ou de falta de gosto, sei lá). Nunca esqueci uma vez que estávamos em um boteco no Brasil com uns gringos tentando mostrar as iguarias brasileiras:
- Ah! Prova guaraná! Que tal?
- [sorriso amarelo]: tem gosto de remédio.
- ah... bom... então prova o aipim. Que tal?
- [sorriso mais amarelo]: tem gosto de nada.
- Então some, gringo mala.
Acho que sou o gringo mala na história canadense.
Comentários
Não sei batatas fritas finas, mas as mais grossas, quase em meia-lua -- aqui chamadas de chips --, combinam com molho. Eu, pelo menos, adoro curry chips. :)
E, pera lá, ketchup é uma espécie de molho, não? :-)
Hehehehe...
Mas também acho que sou adaptável demais. Logo me acostumei a ter o jantar como a refeição principal do dia. Sei lá, é tudo questão de hábito. :-)
Mas sem dúvida, é melhor ser adaptável e tender a gostar de coisas diferentes do que ficar aí chorando a falta do feijão com farofa igual ao que a mamãe fazia lá em casa em Guaxinindó-Mirim.
Quanto a batata com queijo por cima e molho formando uma grande meleca eu não gosto. Lembro que o Outback em São Paulo servia uma batata com um monte de queijo, acho que cheddar, por cima e eu nunca curti. Já a famosa maionese que acompanha as batatas fritas holandesas eu gosto. Achava a idéia bizarra antes de vir pra cá, mas depois que experimentei gostei, e hj acho que maionese é um bom molho pra acompanhar batata frita. Mas não gosto quando ela cobre a batata, gosto dela ao lado como um dipping sauce.
Dafne, que curioso, na Irlanda o jantar tbém é a refeição principal?
Digo isso porque aqui na Holanda também e eu me adaptei super bem a isso. No almoço como um lanche bem leve e janto a noite em casa. Mas conheço muito brasileiro que tem dificuldade pra passar o almoço sem uma refeição completa. Eu já acho ótimo.
Como a Carol disse acho bem melhor ser adaptável do que ficar chorando a falta de coisas que se tinha no Brasil.
Abraços procês,
Carla
Bruno: Mas esse Poutine russo não tem jeito, é gostar ou gostar, heheh. Mas ele é o cara: pilota avião, é faixa preta de judô, anda sem camisa pelo (verão?) da Sibéria, e ganha de presente de aniversário um calendário com mulheres em poses sensuais falando: "feliz aniversário, Mr. Putin". Não dá para competir...
Dafne e Carla: eu até entendo, e na verdade já usei muito o truque de entupir a batata frita de ketchup p/ encarar comida de pub. Por aqui tem gente que gosta de colocar vinagre (?!?!) na batata frita. Acho demais. Maionese é mais comum quando ela é temperada, como um dip. Aí eu também encaro. Mas molho escuro, tipo gravy, que deixa a batata toda ensopada, não combinou não. Ao menos no meu paladar.
É engraçada essa relação das pessoas com comidas locais. Nós já apresentamos alguns pratos brasileiros para os amigos gringos, e em geral com sucesso. Mas também apelamos para as muquecas, e tal (pratos mais que garantidos para agradar). No final, acho que nos adaptamos super bem e procuramos receitas locais e internacionais para variar o dia-a-dia (na verdade, quase não fazemos mais feijão com arroz - só quando dá muita saudade).
É, sim. No UK e na Inglaterra, em geral, almoço é um sanduíche rápido ou um brunch. Tem quem faça refeições também, mas o jantar é sempre mais importante.
Fiz amizade com muitos espanhóis aqui, e eles me disseram que em geral a idéia de almoço é bem parecida com a do Brasil. Será um costume mais latino?
Gus,
Vinagre e sal é básico em fish and chips aqui, tanto que é um sabor muito comum para batata chips de saquinho, tipo Walkers. Eles usam vinagre comum, como o que a gente conhece, ou vinagre de malte, que é escuro como o balsâmico.
Também achei esquisitérrimo quando vi pela primeira vez. Vai entender...